sexta-feira, abril 21, 2006

Medo

Hoje, agora estou com medo.

É raro, mas às vezes acontece.
É o regresso da noção de que vou morrer cedo.

Mas o medo não é lógico. Não existe.
No entanto, por vezes, está lá. Ou melhor, cá. Cá dentro.

Enche encolhendo o peito.
Atraca o coração entre os pulmões.
Faz subir o estômago dominando ferozmente o diafragma.

Dilata o cérebro dentro do crâneo.
Faz sobressair (ainda mais) as pupilas.

O meu corpo está a pedir tréguas e descanso.
A máquina já ronca e ameaça gripar.
Talvez este reconhecimento de fraqueza tenha originado o medo.

Os períodos de consciência entre sonos deixaram de ser 99%.
São agora de 80% ou menos.
Perigo.

A memória falha. O discurso salta ou pára sem controlo.

Já nem dá para satisfazer o grau de "workaolicismo".

Será devido às férias da próxima semana?

Bah.

segunda-feira, abril 17, 2006

O Sol

E hoje o Sol voltou a brilhar!!

De uma forma tão repentina que, confesso, até nos alterou o ritmo da respiração, indefiniu a posição das mãos e fez trocar ou tropeçar nas palavras!

Agora, assim que o vento acalmar, a primaveril brisa tranquila resgatará a suavidade que pertence ao mar.

sábado, abril 15, 2006

O Comunicado

Breves segundos bastaram para que um COMUNICADO se destacasse aos meus olhos unicamente como tal. Nada mais esses segundos me valeram sobre o que me tentavam comunicar...

O Bar das T. conta com a minha breve presença mais ou menos em cada dia, mais ou menos pela manhã.
E naquele dia, naquela manhã, a porta parecia ostentar pouco orgulhosa uma folha de papel branco e as dimensões do A4 horizontal.

Notava-se muito claramente que alguma impressora havia escrito tudo muito direitinho, tanto as letras "garrafonais" como as minorcas.

Aquele COMUNICADO pareceu um náufrago que somente conseguia gritar por socorro, entre as vagas que vêm e voltam a vir, vezes e vezes sem as poder ver.

E é nos curtos intervalos dos goles forçados na gola daquele náufrago que, na melhor das hipóteses, se fica a saber que afinal há uma mensagem a transmitir. Uma mensagem a receber. Uma mensagem tão importante que o mensageiro veio a nado e, em riscos da própria vida, se encontrava ali em situação de náufrago semi-flutuante...

E é assim que a dúvida persiste: onde terá chegado a mensagem? A quem? Será que só os membros do ISN foram resgatar a mensagem juntamente com o mensageiro? Terá havido a mesma atitude por parte de meros "populares"? Quantas pessoas, ao ler a palavra "COMUNICADO", se confortaram com pensamentos do tipo: "isso é coisa para as entidades competentes" e prosseguiram com a própria vidinha?

Quer dizer, a eficácia da comunicação depende não só da estrutura da mensagem, mas também da adequação do veículo e do meio utilizados, relativamente aos destinatários.

Este pensamento simples, por vezes poderá ser útil nos momentos em que se tenta e produz a comunicação!

quinta-feira, abril 13, 2006

A Razão no Medo

Até se poderia dizer que são coisas independentes e difíceis de interligar, mas proponho que se trata de dois conceitos difíceis de dissociar quando compartilham a mesma situação.


Na verdade a Razão e o Medo operam num ambiente de cooperação mútua com o carisma de uma bola de neve e nem todas estas cooperações resultam em beneficios para a criatura que as vive.

Podemos adoptar uma situação para exemplo: Uma pessoa caminha em plena madrugada, por alguma artéria da cidade. "Não se vê vivalma"! (e esta entoação é mesmo dramática, logo aumenta a probabilidade de sentir medo.)

São possíveis sentimentos contraditórios: ou medo - pois se aparece alguém é possível que se mova por intuitos agressivos - e não há mais ninguém que nos possa valer em tal caso; ou conforto - pois como não se vê ninguém, não há ninguém que possa provocar-nos mal. Caso surja alguém, logo se verá!

Agora as questões inquientantes:
a. Porque é que é mais fácil assumir que a pessoa que poderá aparecer seja a que tem intuitos agressivos em vez da outra pessoa que nos poderia valer? Existe algum estudo ou experiência de estatística que o testemunhem?

b. Qual é a vantagem real desta atitude pessimista? Será que nos permite uma melhor preparação para qualquer eventualidade má?

c. Que preparação é essa? A de nos borrarmos com o medo assim que aparece uma ou duas pessoas que nos perguntam as horas às 3:32 da manhã, no meio de uma avenida enorme ou num beco?

Isto parece pouco racional, mas é a própria razão que nos leva a utilizar algum pessimismo nesta situação, tal como em virtualmente todas as outras situações da nossa vivência.
A diferença reside na percepção do nível de controlo de risco que temos em muitas dessas outras situações quotidianas.

Ali é superior, enquanto que nas situações menos habituais, a razão pede (como sempre) à experiência uma lista completa de factos históricos sobre aquele tipo de situação. Não havendo grandes dados (especialmente com resultados fidedignos), a razão pouco ou nada pode fazer para tranquilizar "as hostes" e entra em apatia.

Então, como em tudo na vida, quando umas entidades não trabalham, as outras têm que assumir as lides.

Azar dos azares: a emotividade entra em jogo e praticamente sem suporte da razão (que, por esta altura, já está na unidade de cuidados intensivos em respiração artificial).

A partir deste momento, o desequilíbrio entra em jogo e com os árbitros a favorecer claramente a emotividade.

Escusado será dizer que a partir daqui, a fisiologia da pessoa "infectada" entra num estado de grande descontrolo, produzem-se substâncias "proibidas" em excesso como, por exemplo, a adrenalina.
Os efeitos secundários podem ir de um ruborescimento, contracção de músculos, dilatação das pupilas até tremores, afonia e incontinência momentânea.

Como ainda se diz numa emissão de rádio portuguesa: "Já agora, valia a pena PENSAR nisto": é útil deixar-nos controlar pelo medo?

domingo, abril 09, 2006

A Energia e Ser Feliz

Vem este texto ao blog a propósito de algumas trocas de impressão sobre a felicidade e a energia com uma alta patente das minhas considerações pessoais.

A relação entre a felicidade e a energia pode ser encontrada ao nível da criatura ou dos conjuntos de criaturas em questão. E esta relação funciona mais ou menos assim: o tipo e o nível de felicidade alcançada depende solidariamente da forma como se utiliza a energia em todos, ou melhor, em cada um dos momentos da vida.


Um exemplo flagrantíssimo é o da caça. É sabido que o Leopardo utiliza e concentra as energias físicas e psíquicas de que dispõe para seleccionar e abocanhar o pescoço daquela gazela. Por seu turno a gazela começa a gastar energias desalmada e irreflectidamente a fugir juntamente com as outras, só conseguindo aumentar a eficácia desse desgaste quando se apercebe que o seu próprio pescoço é o visado!

Por enquanto ainda estamos pendentes de saber qual o resultado de a gazela se lançar destemidamente à caça do tal Leopardo. Será que alcançaria a felicidade?

Tudo isto para ilustrar que um atingir de objectivo, ou não, pode contribuir para a felicidade.

Ser Feliz.
Um tal Ser é:
. efémero
. GRANDE
. lindo
. ocasional

Para quê a tristeza quando a felicidade termina?
Para quê a inferioridade quando a felicidade termina?
Para quê a perda de auto-estima quando a felicidade termina?
Para quê o desespero quando a felicidade termina?

A sorte de se ser e estar feliz numa determinada ocasião não pode ser entendida como mudança de vida.
A vida é aquilo que caracteriza a constância e a estabilidade de uma vivência; A felicidade apenas um ponto alto que deve ser usufruido com toda a energia.

O carácter efémero da felicidade poderia levar à crença fatela de que nem sequer vale a pena investir a montanha de energias necessárias mas... mas...
E se experimentarmos só uma vez? Hm? Como nas drogas: dependência vivencial desde a primeira experiência.
Bom, nem tanto ao mar, ...

A moral é a de que vale a pena passar pelo menos uma vez por cada tipo de felicidade que a vida nos disponibiliza. Ou seja, merecemos mergulhar em todas as ocasiões possíveis de felicidade como forma de cultivar um bem-estar global na nossa presença neste mundo!