Medo
Hoje, agora estou com medo.
É raro, mas às vezes acontece.
É o regresso da noção de que vou morrer cedo.
Mas o medo não é lógico. Não existe.
No entanto, por vezes, está lá. Ou melhor, cá. Cá dentro.
Enche encolhendo o peito.
Atraca o coração entre os pulmões.
Faz subir o estômago dominando ferozmente o diafragma.
Dilata o cérebro dentro do crâneo.
Faz sobressair (ainda mais) as pupilas.
O meu corpo está a pedir tréguas e descanso.
A máquina já ronca e ameaça gripar.
Talvez este reconhecimento de fraqueza tenha originado o medo.
Os períodos de consciência entre sonos deixaram de ser 99%.
São agora de 80% ou menos.
Perigo.
A memória falha. O discurso salta ou pára sem controlo.
Já nem dá para satisfazer o grau de "workaolicismo".
Será devido às férias da próxima semana?
Bah.
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